sábado, 25 de dezembro de 2010

Um cafezinho bem sem graça. Poderia até dizer que faltava sal, e que eu bebia mais para cumprir um protocolo do estado. Era meu café de natal.
A única coisa que me sobrava depois do almoço longe da mesa. Já não falava com meu irmão fazia quase um ano. Na noite anterior, ligara para todos os amigos desejando muita esperança, mas não consegui lembrar que a minha já era pouca.
Nutria esperança, sim, mas nem sabia mais em que deveria ser. A única que alguma vez foi certa fora tirada de mim, agora eu acreditava demais em pequenas coisas. Me doava demais a pequenas porções de coisa nenhuma, me transformando, assim, em representações de "nada".
Por mais que aquecesse a água até a ebulição, o resultado era sempre café morno. Uma falha, a falta de alguma coisa vital. Faltava amor naquele café.

E o bebia por protocolo.

Natal sem esperança. Café sem sal.
É necessário aprender a lidar com as incumbências da qual a vida te encarrega. Vai ser gauche, meu filho.