quinta-feira, 13 de julho de 2017

Ausência

Chegará um momento em que, inevitavelmente, não mais estarei aqui
Terá fim minha comunhão com as coisas terrenas
embora as coisas terrenas, peremptoriamente, seguirão seu curso
existindo apesar da minha falta física (ou por causa dela?)

Far-se-á a constatação de que o curso dos dias seguirá inalterado:
o nascente e o poente
o meio dia
e o jantar servido, pontualmente, às oitemeia.

Tudo seguirá conforme os planos traçados assim que minha existência não mais for efetivamente verificada como real.

E de mim, o que dirão?
- Ele não faltava trabalho - alguém diria.
- Ele deixou tresouquatro músicas - outro lembra.
- Há dias não falava com ele - a maioria perceberia.
- Talvez eu devesse ter perguntado como ele estava - um mais atento poderia conjecturar

Mas passado o instante de choque, onde a ausência se torna presente, tudo voltaria a ser exatamente como era e sempre será: as primaveras aconteceriam, os rádios tocariam as mesmas canções patrocinadas pelas mesmas pessoas, e o curso dos dias seguiria inalterado:

o nascente e o poente
o meio dia
e o jantar servido, como sempre, às oitemeia

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