quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Da Entrega

Entregou-se a ele como se fosse flor recém colhida.

Há horas já não pensava mais com a cabeça. Os olhos, ágeis e silenciosos como dois larápios noturnos, tentando prever qual seria o local do próximo toque, percorriam o caminho que as mãos traçavam naquela pele suada.

As mãos... Manipulavam-na, fazendo-a de marionete dos instintos. Mais do que a possuir, ele a amou. Amou-a em cada instante de imoralidade. Amou-a com a boca, mãos, pernas, pés e dedos. Amou-a mais com os olhos do que com o próprio membro.

Ele não se importava. Tinha os desejos dela em seu domínio, e seus dedos tocavam, no corpo dela, a música ao som da qual dançavam aquela sinfonia imoral, marcada pelo contato de carnes.

Sinfonia que transcorreu entre o andante e o adágio, atingindo o allegro em uma explosão de suor, saliva e líquidos de ambos, deixando como resultado dois corpos arfando ao som do réquiem póstumo dedicado aos que morrem de amor, largados sobre os lençóis manchados e o pudor esquecido.

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