quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dos Devaneios I

(De "Entre Dois Cafés")

Do mortífero veneno que me ofertas em taça de cristal, sorvo generosos goles, lambendo os lábios após cada um. Não hei de desperdiçar uma gota sequer da morte que tua mão me alcança, e ainda agradeço-te efusivamente pelo alívio mortal que me trazes. Alívio sim pois, minutos após a ingestão, a substância nociva embrenhar-se-á em minhas entranhas, queimará como a chama que em mim apagou-se, consumirá meu ser até que não sobre mais que retalhos do corpo, para que iguale-se à alma. Depois da agonia, talvez o tão esperado gozo, resultante do último espasmo de vida que havia em mim. Após isso, apenas deixar os olhos fecharem-se e entregar-me à eternidade...

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