quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Não é Bonito, Não é Poesia

(De "Entre Dois Cafés")


Pedi a quarta dose de uísque com descaso. Não tinha dinheiro nem pra pagar a terceira, mas pouco importava. Há tempos eu não ligava mais pras coisas sem importância: Dinheiro, aparência, emprego, vida, felicidade... Tudo se resumia a copos baixos com gelo dentro. Quando a bebida chegava, minha dor pedia licensa. Mentira... Minha dor doía mais a cada gole, a bebida era só uma manifestação da minha fraqueza, um refúgio pro corpo cansado e pra mente covarde.
Minhas noites eram uma repetição dos mesmos elementos: Blues, balcões, copos, gosto amargo, banheiros, gosto amargo... Eu me escondia quando o sol se mostrava. Nunca deixava a luz do dia me iluminar, pra não sentir a vergonha de me ver.

Os dias eram todos iguais.
As lembranças eram todas iguais.
As noites eram todas iguais.
As dores eram todas iguais.

Nada perturbava minha morte.

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